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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ir à praça

Eu cresci com o hábito de, chegado o fim-de-semana, a minha mãe ir "lá acima" à praça. Fazia parte do ritual do Sábado de manhã.
Lá ia comprar muitas coisas frescas para a semana e com o meu direito de poder escolher os bolos que preferia que ela me trouxesse. A mim a à minha irmã. O regresso dela era sempre um ponto de alegria para poder adoçar a boca.
Por Elvas, apesar de passar muito temo longe, parece-me que o tal hábito de ir à praça ou ao mercado está muito longe daquilo que era. Mais uma daquelas tradições e memórias da infância que se vão perdendo.

Por Lisboa, os hábitos são maioritariamente diferentes em muita coisa, mas há outros que são semelhantes. Acredito que o hábito de ir à praça seja um dos que também existiam e, infelizmente, também se estão a perder.
Ao lado da minha casa existe uma "praça", que mesmo não sendo muito grande, tempos idos e principalmente nos fins-de-semana movimentava muita e muita gente que lá se dirigia para comprar os tais frescos, legumes, verduras, frutas e afins.
Hoje em dia, parece caminhar a paços largos para o fecho de portas. Os vendedores são cada vez menos e os clientes igualmente. É um ciclo vicioso.
Acredito que os agricultores hortelões sejam cada vez menos e aqueles que conseguem competir com os preços das grandes superfícies ainda menos.

Este fim-de-semana, sem contar com isso, dei por mim no Sábado de manhã numa das "praças" ainda vivas mais famosas da capital. O Mercado da Ribeira, na zona do Cais do Sodré.
Fiquei a saber que é lá que a telenovela portuguesa da SIC grava as cenas que são passadas no mercado.
A primeira impressão que fica é que neste caso a ficção fica muito longe da realidade. Se na telenovela se vê um mercado cheio de clientes e com bancas bastante bem arrumadas, na realidade a coisa é um pouco diferente.
A área do mercado é enorme, contando com o rés-do-chão e um primeiro andar. Área que hoje está muito e muito longe de estar preenchida. Aquilo que em tempos foi um enorme mercado repleto de vendedores e cheio de vida, hoje apresenta o primeiro andar fechado e o rés-do-chão preenchido talvez nem pela metade. Chega a ter um ar quase abandonado ou pelo menos descuidado.
E se do lado dos vendedores a realidade é esta, do lado dos clientes é exactamente igual. Clientes havia, sim, mas muito longe da ficção retratada pela tal telenovela.
E de entre aqueles que ainda se viam a circular por entre as poucas bancas, chamou a atenção o facto de serem muito largamente pessoas de gerações acima da minha. A tal malta nova, só alguns "putos" a jogar à bola numa das áreas que antes eram ocupadas por bancas de vendedores.
Uma coisa é certa. O hábito de ir à "praça" já lá vai, seja em Elvas ou Lisboa. É o tal ciclo vicioso. Os vendedores são menos, os clientes consequentemente também e vice-versa.
As pessoas hoje em dia quando querem as suas frutas e hortaliças pegam no carro e lá vão ao Continente ou ao Pingo Doce.

JP

3 comentários:

Elvascidade disse...

Sinais dos tempos. Modernices! :)

Anónimo disse...

Às tantas ainda tens saudades dos tempos em que pedíamos os números de telefone, por boca, à telefonista em Elvas.
Entretanto, a Terra tem dado milhares de voltas sobre si própria e dezenas de voltas em torno do Sol.
Tens andado distraído?

Mimi disse...

Eu tal como tu, também faço parte daquele grupo de pessoas que, enfim coitadas,
de tão distraídas que andam nem dão pela a terra a girar.
Gostei mt de ir a ribeira!
Fez-me voltar aos meus tempos de infância :o)) Ah nostalgia... :o))

Beijinhos,