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terça-feira, 22 de março de 2011

Agricultura (quase) biológica

O facto de se viver na zona da grande Lisboa tem algumas desvantagens claras mas também tem bastantes vantagens.
Uma dessas vantagens está relacionada com a agricultura. Em muitas zonas do país a única forma de se saber quais as plantações e colheitas da época é comprando o famoso e velhinho almanaque Borda d’Água.
Na zona de Lisboa existem duas formas de saber o que "está na moda" no que a agricultura diz respeito. Uma delas é essa mesma. Parar num qualquer semáforo, esperar ser abordado pelos vários vendedores ambulantes que por lá habitam e escolher aquele que está a vender o Borda d’Água e ir para casa fazer dele a leitura de cabeceira.
A outra forma de obter essa informação e que torna quem vive na zona de Lisboa um privilegiado é circular diariamente junto das principais vias rápidas da capital.

Um óptimo exemplo disso é o famoso IC19, que liga Sintra à zona Oeste de Lisboa.
Nas barranceiras (o que eu gosto desta palavra! Por aqui é-me complicado usá-la. Cada vez que o fazia alguém ficava a olhar para mim e a pensar "De onde é que este gajo saiu?!") que se prolongam ao longo do IC19, principalmente na zona da saída/entrada de Lisboa, não há pedaço de terra que não esteja ocupado e cultivado por estes agricultores modernos.
Eu, que todos os dias me desloco para a zona de Alfragide/Amadora, sou um dos privilegiados que diariamente tem de levar com o trânsito dessa zona e sobra-me tempo para apreciar essa verdadeira arte do improviso da agricultura.
Estão a imaginar as encostas do rio Douro, ao longo das quais se estendem em forma de escadinhas as vinhas que produzem as uvas para o vinho do Porto?! Pois bem, as diferenças para as realidades como as do IC19 são que a dimensão por aqui é menor e não temos rio Douro.
Estes agricultores de cidade trabalham o terreno dessa mesma forma, criando vários níveis ao longo dos quais plantam e cultivam as mais variadas espécies, dependendo da altura do ano.

Retomando a minha ideia inicial e para provar que sou um dos privilegiados que conseguem saber quais as culturas da época sem precisar de comprar o Borda d’Água, posso dizer-vos que as que predominam nesta altura são as favas, as ervilhas e uma ou outra que a minha visão já em decadência não me permite descodificar.

Parece-me muito bem que as pessoas ocupem os seus tempos livres com actividades produtivas e nos tempos difíceis de crise que se vivem tentem arranjar um pequeno complemento para os seus rendimentos, nem que seja criando uma pequena horta às portas de Lisboa, que dê para encher a despensa de legumes e verduras.
O que me deixa um pouco apreensivo é pensar nos milhares de automóveis que diariamente passam ao lado dessas hortas e na quantidade de poluentes que libertam e vão cair em cima dessas favas e ervilhas.
Ou então, é como dizia o outro: a água lava tudo menos a má-língua. :)

JP

2 comentários:

Elvascidade disse...

Por tudo isto ... é tão bom viver nesta nossa terrinha! :)

Anónimo disse...

Eu costumo ir lá à noite gamar alfaces e couves.