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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hallow quê?

Nós, portugueses, sempre fomos amigos de importar e adoptar tudo o que nos fosse imposto ou simplesmente apresentado como vindo do exterior e que alguém por cá achou que era bom.

Sem precisar de ir muito longe, temos a nossa típica, crónica e secular dependência de importar grande parte dos produtos que consumimos no nosso dia-a-dia.
Nos dias que correm o que não falta por aí são aqueles que acham que o que é importado é bom, óptimo, simplesmente porque é importado.
Se lhes falarmos em enchidos e afins dizem-nos que o “jamon” espanhol é do melhor que há, esquecendo que a região de Chaves (Trás-os-Montes) e o próprio Alentejo produzem o mesmo produto de elevada qualidade, já sem falar em todos os enchidos nos quais somos especialistas.
Quando se fala em vinhos, lá vêm os franceses à baila, sem se lembrarem que Portugal tem dos melhores vinhos que se produzem a nível mundial.
Se pensarmos em cerveja, dizem-nos que a alemã e a inglesa/irlandesa é do melhor. Posso dizer que já provei de ambas e não troco as minhas Sagres e, principalmente, Super Bock por nenhuma delas.
No que a roupa diz respeito, falam em mil e uma marcas internacionais que classificam como "chiquitérrimas" e "glamourosas", quando por cá temos as nossas marcas nacionais de roupa que deixam muitas dessas outras uns passos atrás. Isto sem falar naquelas marcas internacionais que têm muitas das suas colecções Made in Portugal e simplesmente lhes colocam a etiqueta final.

Voltando ao tema inicial. Nós gostamos, por norma, de importar e de tudo o que é importado. Seja bom, mau, faça ou não sentido.
São rituais, hábitos ou tradições que nada nos dizem mas, lá está, se lá fora se usa, é porque deve ser bom.
Neste lote encaixo a mais recente “tradição” que os portugueses adoptaram: o Halloween.
Nada nos diz, nada representa para nós, mas como os ingleses e os americanos comemoram, então deve ser muito bom e nós vamos atrás.

Tudo começa pela própria comunicação social. Raro deve ser o Telejornal que resiste a não meter uma reportagem sobre o Halloween lá pelo meio. Sempre ajuda a chegar à hora e meia de notícias.
O evento é noticiado e as mais variadas festas que vão ocorrendo pelo país são mostradas como se algo de enraizado de toda a vida se tratasse.
Enquanto isso, imagino que meio Portugal assista ao Telejornal e se pergunte de que raio estão eles a falar.

Mas nós somos assim. Aceitamos de braços abertos tudo o que nos chega lá de fora.
E eu, como bom tuga que sou, se calhar daqui a uns anos volto aqui, a escrever um post a dizer que o Halloween é óptimo e a reflectir sobre os anos em que andei a perder isso.
Ou talvez não...

JP

1 comentário:

Anónimo disse...

Pior que isso são o raça dos putos a bater à porta de noite mascarados e a pedir rebuçados. A TV ainda se desliga ou muda de canal, agora os moços não param de tocar à porta enquanto alguém não se decidir a levantar e ir apanhar frio para atende-los. Este ano levaram uma mão cheia de alcagoitas que era o que havia à mão, mal empregadas.