Antes de saires de casa presta atenção

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ainda a Cimeira da NATO

E se vivêssemos num país perfeito?
E se vivêssemos num país com uma economia estável, sem necessidade constante de financiamento externo e sem notícias diárias sobre aumento dos juros que nos são aplicados para obter esse tão necessário financiamento?
E se vivêssemos num país que não estivesse mergulhado há largos meses numa profunda crise económica e financeira em que o Governo pede sucessivos esforços aos seu cidadãos e lhes aplica PEC’s atrás de PEC’s, com os mais variados aumentos de impostos directos e indirectos?
E se vivêssemos num país que não estivesse à beira de receber a "visita" do FMI como última esperança para tentar remediar o descontrolo que existe com as finanças nacionais?
E já agora, e se não vivêssemos num país em que as falências de empresas e o desemprego aumentam todos os dias e se fala numa necessidade urgente de aumentar a produtividade daqueles que ainda vão conservando o seu emprego?

Se vivêssemos num país assim acho que nos podíamos dar ao luxo e seria aceitável dar tolerância de ponto na próxima Sexta-feira aos funcionários públicos que trabalham em toda a cidade de Lisboa, por causa de uma Cimeira da NATO que se realiza numa área restrita da cidade.
Mas como não vivemos num país assim, acho que é uma medida totalmente despropositada e desenquadrada do contexto em que todos vivemos.

Porque no essencial é disso que estamos a falar. De uma Cimeira que se vai realizar no Parque das Nações, a zona mais oriental de Lisboa e uma zona perfeitamente definida e delimitada e por causa disso alguém decidiu dar tolerância de ponto aos funcionários públicos da cidade inteira.
Então e a produtividade de que tanto se fala?

Esta medida terá sido tomada para reduzir o movimento de pessoas na cidade e naquela zona, onde se vai realizar a Cimeira. Mas será que há assim tantos funcionários públicos que trabalhem naquela zona ou que lá morem e tenham de lá sair para ir trabalhar?!

No que ao primeiro fluxo diz respeito, o das entradas, mesmo estando longe de conhecer a realidade, parece-me que poucas entidades públicas lá deve haver para além do novo Campus da Justiça e possivelmente alguma escola. Haveria assim tantos funcionários públicos a dirigir-se para lá?
No que às saídas diz respeito, de funcionários públicos que lá vivem e sairiam para ir trabalhar, será que alguém acha que não indo eles trabalhar vão ficar o dia inteiro fechados em casa a ver os programas do Goucha e da Fátima Lopes?

Tal como o NP referiu no seu post de ontem, também eu vi o comentário do Marcelo Rebelo de Sousa no Telejornal da TVI de Domingo à noite. Parece-me que ele usou a expressão correcta para classificar tudo isto: provincianismo. Sem tirar, nem pôr. Tal e qual.
Depois do que aconteceu com a visita do Papa, agora isto.
Acho que se o nosso país recebesse tantos eventos deste género como outras capitais e países europeus de maior expressão internacional era mais o tempo que Portugal passava fechado do que a produzir alguma coisa.

JP

3 comentários:

dualidades np disse...

É o que temos, Sócio!
Mas pelos vistos várias vozes contrárias se tem levantado...felizmente!
Não acertam uma. Cada tiro, cada melro...

Anónimo disse...

E o contribuinte a pagar... cada vez mais.

Elvascidade disse...

A verdadeira República das Bananas!
É o que temos...