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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A raia e o IVA

À beira de celebrarmos os 100 anos da implantação da República neste cantinho à beira-mar plantado, Portugal vive a maior crise económica e financeira dos últimos oitenta anos.

As novas medidas de austeridade comunicadas na semana passada, puseram-nos a todos a fazer contas à vida e às televisões generalistas a entrevistar os portugueses nas ruas sem terem bem noção qual as despesas dos seus magros orçamentos domésticos podem ser cortadas para suportar o próximo aperto de cinto. Já pouco há a cortar e até se ouvem algumas pessoas admitirem sacrificar a alimentação. A coisa não está fácil.

Na zona da raia, concretamente em Elvas, as novas medidas vêm afundar ainda mais a já frágil economia local.

As ruas do centro histórico apresentam-se apáticas, sem grande movimento e registando-se um baixo índice de compras. Vêem-se várias lojas fechadas, montras tapadas com papéis e indicações de trespasses. Mantêm-se vivas as pastelarias e outras que tais, vivendo à conta de uma faixa etária envelhecida que, usufruindo da reforma, dá vida a algumas esplanadas, entretendo-se em rotinas diárias.

E o restante comércio? Haverá capacidade de competir com o outro lado da fronteira?

São conhecidas e reconhecidas as assimetrias entre as cidades vizinhas de Elvas e Badajoz, com a pujança económica da segunda a impor-se sobre a primeira. Excepção seja feita à restauração elvense que prima pela qualidade e pelo baixo custo, quando comparada com a sua congénere, os restantes bens de consumo atraem os portugueses ao lado espanhol da raia. E não é difícil perceber porque. Estando fixada nos 18%, a taxa de IVA espanhola é por si só factor de diferenciação, permitindo que os preços se apresentem ao consumidor 5% mais baixas…

E se vinha sendo habitual ver os espanhóis nos domingos de manhã fazerem as compras para casa no Modelo de Elvas, acredito que a situação possa vir a alterar-se assim que se verificar o incremento do IVA e consequentemente do preço final dos produtos.

O combustível continua a atrair-nos a Badajoz com diferenças de 30 ou mais cêntimos.

Com as novas medidas de austeridade, estou convencido que também os supermercados de Badajoz se verão invadidos de portugueses desejosos de poupar 10 ou 20 euros nas compras do mês ou da semana, não porque os produtos sejam na sua essência mais baratos, mas apenas porque são menos taxados.

Mas como me comentava ontem o sócio JP, Almeida Santos parece ter dito que “os povos também têm de pagar as crises, não são só os governos”.

E pergunto eu a esta cambada de energúmenos, e é justo que o povo também tenha de pagar a incompetência e falta de capacidade daqueles que os representam???

A culpa não é só da crise, apesar de ser muito confortável dizê-lo, a culpa é também de quem conduziu para o buraco sem fundo aqueles que vivem do seu trabalho e que se vêem esmiuçados e sem saída, enquanto que outros se gozam dos rendimentos vivendo impunemente e “arrotando” seriedade e decência.
Haja vergonha!

São Mais Dualidades!!!
NP

4 comentários:

Elvascidade disse...

Está a ficar cada vez pior. Avizinham-se tempos muito difíceis por estas bandas.

Dualidades JP disse...

Lembro-me de aqui há uns meses um banqueiro ter dito que estavamos prestes a bater na parede e todos lhe cairam em cima por causa disso.

Agora que já estão a ver a parede muito perto dos cornos já começam a mudar de opinião.

Anónimo disse...

De facto a "verdadeira" crisa avisinha-se. Até agora a crise era a mais ou menos a mesma de sempre...
O Sr. Almeida Santos, dos maiores traidores da pátria, não sei pq ainda tem voz activa!
Se se fosse a esmiuçar o k ele adquiriu ao longo da vida política, haveriam decerto muitas bocas abertas de espanto...

Jinhos,
MS

Anónimo disse...

E se nós former ver o que vocês roubam aos vossos patrões, será que não abrimos a boca de espanto?
Será que tudo o que os políticos têm é roubado e tudo o que os não políticos têm não é?
Parece-me que se olharem para a vossa família vão ter muitas surpresas.