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sexta-feira, 19 de março de 2010

MC Snake

Para além do PEC, o assunto preferido desta semana tem sido a morte do "rapper" MC Snake, alegadamente depois de uma perseguição policial.
Aconteceu há alguns dias e de madrugada o "rapper" seguia na sua viatura e foi mandado parar por uma Operação Stop da polícia.
O rapaz não parou e originou uma perseguição pela policia durante vários quilómetros, até que a policia disparou e acertou no carro onde ele seguia, acabando por o matar.

Esta parece-me uma situação semelhante a algumas outras a que já assistimos, que acabam num polícia a matar outra pessoa.
Tal como em muitas outras, depois do acontecimento irá seguir-se inquéritos, investigações e suspensões provisórias ou permanentes do polícia.

Familiares e amigos da vítima dizem que ele era um bom rapaz, que já tinha parado em muitas Operações Stop da polícia e sempre sem qualquer problema e desta vez, verificou-se que não tinha nada de ilegal no seu carro.
Alegam que o carro onde seguia era pouco potente e velho, o que não justificaria a perseguição ter acabado em disparos e que o polícia era inexperiente no uso da arma.

Do outro lado da barricada dos argumentos, o facto de já ter sido detido por posse de droga e o facto de ter fugido ao controlo policial.

A todos os argumentos eu acrescento uma dúvida. Quando numa Operação Stop se manda parar alguém e esse alguém não pára e foge, como é possível saber se ele está a tentar esconder alguma coisa de muito grave ou simplesmente lhe está a apetecer um pouco de adrenalina?!
Parece-me mais ou menos óbvio que as conclusões apresentadas de que "não tinha nada de ilegal" só podem ser retiradas depois de se conseguir apanhá-lo. E apanhá-lo significa que tiveram de correr atrás dele.
Se não tivessem corrido atrás dele, nunca saberiam se ele tinha algo de ilegal.

E a esta dúvida juntam-se-me outras. Se alguém não tem nada a esconder e está numa situação totalmente legal, porquê fugir à polícia? Será que tinha um encontro importante ao nascer do sol e não podia de forma alguma chegar atrasado.

O senão que a mim se me coloca é saber que houve mesmo necessidade de disparar ou se a situação se poderia ter resolvido com mais um quilómetros de perseguição. E ainda assim, se o Snake continuasse a não parar, o que se fazia?! Desistia-se de o apanhar confiante de que estaria tudo legal com ele?!

JP

2 comentários:

Mimi disse...

Muito haveria para escrever sobre este assunto … mas não há tempo :o(

Assim sendo, e de uma forma resumida aqui vai: CLAP CLAP CLAP, BEM HAJA ao agente policial!!!

Sei que a iniciativa de LIMPAR PORTUGAL é só amanhã, mas eu desculpo-o pela sua antecipação ;o)

Beijinhos e bom fds,

Anónimo disse...

Tal como dizes foi mais uma situação destas e nunca mais se aprende. Lá morreu mais uma pessoa e pelas notícias o agente também terá ficado bastante abalado, possivelmente com marcas para o resto da vida. Sem necessidade.
Não tenho nada a acrescentar ao texto, mas pego em duas ideias que aparecem normalmente.

"E apanhá-lo significa que tiveram de correr atrás dele."

Penso que não, nos dias de hoje não faz sentido, se houvesse apenas um polícia ou se vivessemos no século 18 sim, mas agora não.
A policia têm uma rede em todo o país de pessoas, veículos e meios de comunicação. Se há suspeita de alguém que foge e se quer averiguar, porquê correr atrás? Porque não contactar as esquadras e agentes na direcção para onde foge para bloquearem ou apenas acompanharem? Alguém perseguido pode-se tornar mais perigoso e os carros mais cedo ou mais tarde param por falta de combustível.
Helicopteros são um meio eficaz para acompanhar mas se calhar todos os comprados pelo estado estão avariados nos hangares da força áerea ou no Afeganistão.
Pior que um carro em velocidades loucas são mais no mesmo e ainda pior tiros pelo ar. Tanto podem acertar nos intervenientes como em transeuntes.
As chefias políticas se não sabem organizar e dirigir a polícia o que estão lá a fazer?

"Se alguém não tem nada a esconder e está numa situação totalmente legal, porquê fugir à polícia?"

A velha falácia do "não tem nada a esconder" dá muito que discutir, mas nestes casos em particular as razão de fugir à polícia podem ser muitas, poucas sãs mas é melhor jogar pelo seguro. A pessoa pode ter apenas paranóia de perseguições, pode estar alterada por patologia psiquiatrica ou por substâncias, pode ter tido um irmão que foi morto pela polícia numa perseguição, pode ter um filho no banco de trás em perigo de vida e estar tão desesperada para chegar a um hospital que nem distingue polícia de outra pessoa qualquer, pode ter sido assaltada por alguém vestido de polícia, pode ser um raptor com uma vítima no porta bagagens que se arrisca a levar com um tiro também, pode ter umas dezenas de quilos de droga ou o resultado de um roubo, muitas possibilidades. A lógica diria que é melhor não piorar e tentar fazer por esclarecer.

Fora isto tudo, o próprio conceito de operação stop talvez não deva ser um dado adquirido, para que serve? Para a cada 1000 carros encontrar 1 charro ou 2 ou 3 gramas da branca? Vale a pena ocupar agentes e guardas nisto? Não bastam os que estão parados em secretárias a tratar de burocracias?
Não podiam estas pessoas estar a ser usadas em tarefas mais úteis, as simples patrulhas de ruas e bairros são mais eficazes porque dissuadem e evitam que os crimes aconteçam. As polícias deviam estar próximas dos cidadãos para se entreajudarem e serem vistos como elementos da mesma sociedade saudável, não como inimigos de uns e agentes de vingança de outros.
Volta assim a pergunta do que andam a fazer as chefias políticas responsáveis pela organização?