Hoje vou partilhar uma pequena história com vocês.
Até há cerca de um ano atrás e durante vários períodos de tempo nos últimos anos, uns períodos mais prolongados que outros, trabalhei deslocado num cliente que se situa numa zona de Lisboa que fica não muito longe do Príncipe Real e já a roçar o Bairro Alto (para quem conhece a zona de que estou a falar, deixo o esclarecimento que o trabalho a que me estou a referir era legal e não envolvia a venda de substâncias ilícitas nem apoio ao estacionamento de terceiros).
Durante esses períodos tempo que passei a trabalhar nesse cliente, a minha rotina diária matinal começava com a deslocação para Lisboa de Metro e a saída na estação do Rato. Depois seguia-se uma pequena viagem a pé até ao destino final. Essa pequena viagem a pé incluía passar todos os dias à porta da Procuradoria-geral da República e todos os dias lá via, junto à entrada principal, um casal já com um certa idade "acampado" e em protesto. Todos os dias, sem excepção.
Junto deles tinham um cartaz enorme, com bastante texto escrito e alguns recortes de jornais colados, com letras também elas enormes e todas elas muito em cima umas das outras, o que não facilitava em nada a "passagem da mensagem".
Todos os dias lá passava, mesmo em frente a eles e todos os dias me perguntava a mim próprio "O que será que eles protestam?!...".
Por o cartaz não ser fácil de ler mas também por falta de vontade ou preguiça minha nunca parei para ler ou perguntar o que se passava e todos os dias continuava com a dúvida.
Ontem, sem querer, ao fazer uma passagem pelos jornais do dia, acabei por descobrir o que protestava aquele casal. A história era resumidamente contada num jornal que noticiava que o protesto já dura há quase 5 mil dias.
Para os que estiverem interessados nesta história (da justiça portuguesa?!) e tiverem tempo, aqui deixo a notícia extraída do jornal sobre este caso.
Há 5 mil dias à espera de quê?
Ao fim de 15 anos, ainda se lembra: irmãos roubaram-lhe a herança. O protesto é diário das 7h00 às 16h30. Folga feriados, sábados e domingos.
Já estão no "Livro do Guinness". Florindo e Flora Beja completaram ontem 5 mil dias de protesto à porta da Procuradoria-Geral da República. Em Março de 2010 vão assinalar 15 anos seguidos de greve. Tempo de sobra para o casal, casado há 45 anos, programar minuciosamente os trâmites em que se desenrola o protesto. A saber: não protestam aos fins-de-semana nem feriados. Nos dias de semana, saem de casa já com o pequeno-almoço tomado e às sete horas montam arraiais na PGR, acompanhados de uma marmita com sandes e sumos. A manifestação termina sempre às 16h30.
Florindo já perdeu a conta às vezes que contou a história que o leva, há quase 15 anos, ao Largo do Rato. Um dia precisou de arranjar um documento e descobriu que estava sepultado no cemitério de Aljustrel desde 1964. Uma morte causada, garante, pelos dois irmãos - um é juiz-desembargador, outro notário em Lisboa. Pelo meio, casaram a viúva com outro homem e depois mataram-na e sepultaram-na em parte incerta. O mesmo destino teve a filha do casal. Além disso, Florindo diz que aparecia nos documentos como nascido em Benguela e morto na Índia. Ele, que nasceu em Nelas. Tudo, para se apropriarem dos seus bens: uma "herança de um prédio avaliado em mais de oito mil contos".
Florindo, 74 anos, até já foi alvo de um diagnóstico psiquiátrico. O casal sofre, segundo os médicos, de "folie a deux" - delírio a dois. O protesto já lhes rendeu alguns dissabores: foram presos mais de 30 vezes. Em contrapartida, tornaram-se habitués da PGR. Todos os funcionários lhes dizem "bom dia" e já privaram com três procuradores: Cunha Rodrigues, Souto Moura e Pinto Monteiro. Mesmo assim, nunca obtiveram resposta. Florindo não desiste: "Se for preciso, ficamos aqui até à morte", confessou.
Bom fim-de-semana.
JP
EU HOJE SOU...
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Boa tarde amigos. Acabo de regressar do Algarve. Espero que estejam todos
bem. Eu continuo com o problema dos olhos e ainda há espera da consulta no
hos...
Há 2 meses
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