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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Rio das Flores

O epicentro de toda a história está localizado no nosso Alentejo, aqui bem perto, em Estremoz, mas os seus efeitos estendem-se pela Europa, até Espanha, França e Alemanha e também, e muito, até ao outro lado do oceano Atlântico, ao grande Brasil, que na parte final assume um grande protagonismo.
Os actores principais desta história são todos eles pertencentes a uma família também tipicamente alentejana, os Ribera Flores, que há várias gerações habita na herdade de Valmonte, em Estremoz.
De entre todos os elementos dessa família, a história agarra-se maioritariamente aos dois irmãos, Pedro e, principalmente, Diogo.

As férias são sempre uma óptima oportunidade para pôr a leitura em dia e todos os anos há a decisão de escolher o que ler. Este verão recuei uns anos no histórico das produções literárias e fui buscar o português "Rio das Flores", o segundo romance de Miguel Sousa Tavares.
Este, tal como o primeiro, "Equador", dois grandes sucessos da literatura portuguesa, cá dentro mas também lá fora.

Como disse em cima, a história começa algures no início do século XX, entre o fim da Monarquia e o início da República e gira em torno de uma família "sediada" há várias gerações no seu grande latifúndio em Estremoz e por várias vezes nos conduz até Elvas.
Centra-se na vida de dois irmãos que crescem com a República. Dois irmãos ligados, até certo ponto das suas vidas, por uma grande amizade mas com gostos, feitios e personalidades em todo diferentes.
Pedro, o mais novo, e Diogo, o mais velho, personagem principal de toda a história.

O livro concilia a parte do romance, a história destas personagens fictícias, com passagens e factos da história e vida política do nosso país, desde o início conturbado do século passado até aos ditos anos 40. Toda a forma de agir e pensar das personagens é fundamentada em função da situação política de Portugal, à medida que a história do país evolui em paralelo com a história da vida de Diogo e Pedro e a forma de pensar destes dois irmãos.

Em forma de balanço, após mais de 600 páginas, não hesito em dizer que o livro me agradou bastante, a história, a forma de escrever, os diálogos. Um livro que passo a recomendar.
Como senão, apenas aponto que achei que o livro abusou um pouco no aspecto descritivo e naquilo que era paralelo à própria história que pretendia contar. Em determinadas alturas consegui esquecer-me da história que o livro nos está a contar após ler tantas páginas seguidas de informações paralelas à mesma.

JP

3 comentários:

dualidades np disse...

Custaste a sucumbir, sócio..
Já li há algum tempo e tb me agradou bastante. Acredito que funcionaria mt bem adaptado à televisão como se fez com o Equador. Mas a avaliar pela contenção de despesas que por aí vai, duvido que algum canal realize um investimento desta envergadura.

Elvascidade disse...

Vou seguir a proposta :)

André Miguel disse...

Gostei do "Equador", mas torci o nariz a este, mas creio que vou seguir a proposta.
Num registo diferente, mas também no Alentejo, recomendo o "Arquipélago da Insónia" de António Lobo Antunes.