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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Casa Pia... ( continua )

Depois de oito anos a marcar a actualidade, aconteceu finalmente o julgamento do caso Casa Pia e aconteceu o que todos receávamos que não acontecesse. Os alegados culpados foram condenados, penas que variaram entre os 18 e os 6 anos de cadeia.

Ao que soubemos, o tribunal da 8ª vara de Lisboa deu como provados os crimes de que eram acusados, nomeadamente, abuso sexual a menores e lenocínio.

Dos sete arguidos apenas Gertrudes Nunes, a dona da casa de Elvas onde os menores também teriam sido abusados, foi absolvida no final do julgamento, mas não porque o tribunal não a considerasse culpada do que a acusavam e apenas porque a legislação sofreu alterações.

Carlos Silvino, Carlos Cruz, Ferreira Diniz, Jorge Ritto, Hugo Marçal e Manuel Abrantes terão todos que cumprir pena de prisão...na teoria, porque na prática a lei permite-lhes discordar da sentença da 1ª instância e recorrer.

E quando todos pensávamos que o caso estava encerrado e que apenas ficaria nas nossas memórias como um episódio podre da sociedade portuguesa, vamos ter que continuar a ouvir falar dele e dos seus protagonistas.

A prová-lo estão os três dias que se seguiram à leitura da sentença com Carlos Cruz a continuar a marcar a actualidade, uma vez que lhe é dado tempo de antena a mais, na minha opinião.

A sua intenção é desacreditar a decisão judicial e lançar dúvidas na opinião pública quanto à sua inocência. Num site que criou para o efeito, já publicou alguns vídeos sobre as visitas que no âmbito do processo foram feitos à casa de Elvas e onde quer demonstrar que as vítimas mentem e entram em incongruências.

Confesso que não sei bem o que pensar...seria sórdido demais que uma história desta envergadura fosse criada ou fantasiada, como Carlos Cruz e o seu advogado sugerem, no entanto, também não dispomos de informação suficiente para concluir que efectivamente os crimes foram provados em tribunal.

Com isto tudo, o tempo decorre e enquanto se percorrem todas as etapas burocráticas, com recursos à mistura, a pena ainda não começou a ser cumprida e receia-se o pior : que os crimes prescrevam.

A verdade é que, nenhum dos arguidos voltará a ter uma vida normal porque sobre eles cai o peso do julgamento da opinião pública que vê neles a personificação da sordidez e da maldade que marcou pela negativa a vida de dezenas e dezenas de alunos que frequentaram aquela instituição de ensino.

Resta-nos acreditar na justiça e concluir que ela foi feita. Infelizmente aguardam-nos mais episódios desta saga.

São Mais Dualidades!!!
NP

5 comentários:

Notícias curiosas de Elvas disse...

O "tempo de antena" num País plural com economia de mercado é assunto de cada meio de comunicação.

Acredito na possibilidade de serem culpados bem como na contrária, de serem inocentes.

O que mais me assusta é a alegada falta de prova que não poderia conduzir à condenação dos réus.

Elvascidade disse...

A s(ch)aga vai mesmo continuar ao que parece e não por pouco tempo.
Portugal no seu melhor!

Dualidades JP disse...

Acho que a ñão certeza vai ficar eternamente connosco.

Mimi disse...

Não tenho dúvida que são culpados.

Se assim não fosse, não teriam estado tanto tempo em prisão preventiva, e muito menos teriam tido as penas que acabaram por ser aplicadas.

Esse Carlos Cruz então ... canta bem mas não me alegra.
Era mais um daqueles "poderosos" que estava convencido que vivia a margem da lei!

Beijinhos

Anónimo disse...

Independemente do caso a lógica de se ser culpado por se ter estado preso ou por se ser condenado é perigosa. Em estados de direito as pessoas são condenadas por serem culpadas, e não culpadas por serem condenadas. Esse é um raciocínio mais típico de estados totalitários.