Durante os próximos dias recuso-me a falar de crise, medidas de austeridade e afins que tanta irritação e contrariedade nos tem causado.
Hoje proponho-me falar-vos de mais uma série com que a RTP1 nos brindou no âmbito das comemorações dos 100 anos da República. Por certo terá passado desapercebida, uma vez que a maioria devia estar entretida com "A casa dos segredos" ou "Ídolos". Nem sabem o que perderam.
Refiro-me a "O segredo de Miguel Zuzarte" escrita por Pedro Lopes com inspiração no livro de Mário Ventura e que teve honras de primetime no sábado e domingo do primeiro canal estatal.
Em linhas gerais, a série conta a história de uma aldeia perdida em pleno Alentejo, em vésperas da implantação da República, cujas únicas ligações com o mundo exterior são o telégrafo e o comboio que diariamente traz géneros e notícias do que se passa no país.
Com a morte do telegrafista, é o sobrinho do mesmo que vem de Lisboa para a aldeia afim de assegurar essas funções. Monárquico inveterado recebe com desagrado a notícia da queda da monarquia e decide não informar a aldeia da alteração politica, garantindo que, pelo menos a São Lourenço a república não chegará.
Como se espera as peripécias sucedem-se uma vez que, em virtude dos momentos políticos algo conturbados, o comboio também não chega à aldeia, inquietando a população que pressiona o telegrafista na procura de explicações, mas o mesmo afirma desconhecer os motivos.
As posições extremam-se e o telegrafista perde o controlo da situação, pondo em risco a própria vida para garantir que os seus ideais monárquicos prevalecerão, pelo menos na pacata aldeia de São Lourenço.
No entanto, ao fim de 5 dias, o comboio regressa à aldeia, carregado de republicanos que dão a boa nova à população da aldeia. Ontem como hoje, o povo alentejano demonstra profundo desinteresse pela situação politica e regozija com o regresso do comboio que esse sim é útil e transporta géneros e utensílios de que todos necessitam para levar por diante o seu quotidiano com a normalidade que se deseja.
A sátira atinge o seu auge quando os fervorosos republicanos dão vivas à República perante uma população apática e desinteressada, contudo, ao primeiro viva ao comboio todos gritam e festejam animados.
Dou os parabéns à RTP 1 pela reconstituição histórica, pelo rigor na pronúncia e na linguagem utilizada pelas personagens e que recria o “falar alentejano”, mas essencialmente pelo retrato social traçado que continua actual apesar de terem passado 100 anos.
Naquela altura como agora, o povo alentejano, afastado das tomadas de decisões e das elevadas trocas de ideias que se passam na capital, pouco se importa com monarquias ou repúblicas, com esta ou aquela cor política…desde que não falte o "comboio".
Deixo-vos com o vídeo final da série que acabo de vos descrever. Recomendo vivamente que, se vos for possível, visualizem a série na íntegra, são dois episódios que valem bem a pena.
São Mais Dualidades!!!
NP
EU HOJE SOU...
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Boa tarde amigos. Acabo de regressar do Algarve. Espero que estejam todos
bem. Eu continuo com o problema dos olhos e ainda há espera da consulta no
hos...
Há 2 meses
2 comentários:
Muito boa série portuguesa!
Viva o Lãzinha dentro do CAMBOIO!!!!
hehehehehe
Jinhos,
MS
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