E agora?

Desde Sábado que Governo (PS) e PSD se têm reunido diariamente para tentar chegar a um consenso quanto ao próximo Orçamento de Estado.
Segundo declarações de ambas as delegações, durante os vários dias de negociações, elas estavam a ser positivas e construtivas.
Tudo apontava para que o mau Orçamento fosse aprovado, o que dada a conjuntura actual e o que podia vir da sua não aprovação, seria um mal menor.

Quarta-feira, dia dado como decisivo e esperado por todos (ou quase) como o dia em que, mais para a esquerda ou mais para direita (politicamente e não só, falando) sairia fumo branco.
Conclusão: não se entenderam nas negociações e ambas as delegações saem da sala de reuniões para a rua e para as conferências de imprensa a criticar os seus pares negociadores. E agora?

Governo acusa o PSD de ter estado nas negociações para "obter bandeiras de propaganda".
PSD acusa o Governo de ter tido uma "posição inflexível". E agora?

Cavaco Silva, depois de ter apresentado a sua recandidatura a Presidente da República e ter dito no seu discurso de apresentação que nem queria imaginar o estado do país se não fossem as suas intervenções e os seus alertas (nem quero imaginar que estado seria esse que pudesse ser pior do que aquele em que já estamos) decide convocar o seu Conselho de Estado para Sexta-feira. E agora? O que resolve?

O PSD, através do seu líder e antes de iniciarem as negociações, disse que se as suas propostas não fossem aceites e as negociações não chegassem a bom porto iria chumbar o Orçamento. E agora?

O Governo, através do próprio Primeiro-Ministro, disse que se o Orçamento não passasse apresentaria a sua demissão e o Governo cairia. E agora?

O Ministro das Finanças, muitos outros intervenientes e analistas disseram que se o Orçamento não fosse aprovado certamente teríamos o FMI a bater-nos à porta e a tomar as rédeas do país. E agora?

Agora, agora, não sei bem. Mas agora, certamente não vem aí nada de bom. Ainda mais...

JP