Oito e Oitenta (#113)

Para o Oito e Oitenta desta semana proponho o facto de se aproximar do fim um dos casos mais polémicos da justiça portuguesa: o Caso Casa Pia.

Depois de uma longa investigação e de anos e anos de audiências em vários tribunais, sete anos depois o país volta a ter interesse pelo assunto à medida que está prestes a conhecer-se a sentença, agendada para o próximo dia 5 de Agosto.

Estou convencido que nunca será conhecida a verdade sobre este caso e em causa fica a justiça portuguesa.

Até à absolvição ou condenação, todos os arguidos são presumivelmente inocentes, apesar de o julgamento popular já ter construído o seu próprio parecer.

Confesso que me intriga toda esta questão e há perguntas para as quais nunca obteremos respostas.

Por um lado, não acredito que tivesse sido desenvolvida uma cabala, como alguns sugerem, contra os actuais arguidos. Seria rebuscado de mais e não me parece que a inveja de terceiros pudesse ser suficiente para desenvolver um esquema tão complexo. Além do mais, porque estes acusados e não outros? Que interesses poderiam estar em jogo? E que elo ligaria figuras tão heterogéneas da nossa sociedade?

Por outro lado, a haver inocência por parte dos arguidos, são vidas que ficarão irremediavelmente destruídas, pessoal e socialmente, porque um processo desta natureza deixa marcas definitivas.

No sábado passado, tal como muitos portugueses, estou certo, assisti à entrevista concedida por Carlos Cruz a Daniel Oliveira no seu Alta Definição. Talvez o Senhor Televisão tivesse sido um dos que mais perdeu com toda esta história, e enquanto o ouvia falar, pensava com os meus botões : "Será? Não será?"

A verdade é que todos temos a pretensão de conhecer intimamente as figuras públicas que nos entram diariamente pela televisão e Carlos Cruz marcou o panorama televisivo de gerações de portugueses. À partida ninguém sequer imaginaria vê-lo envolvido num assunto desta natureza…mas a verdade é que está lá.

Quanto às vítimas, esses sim viram as suas vidas desmoronar-se, alguns com traumas que os condicionam até ao fim dos seus dias e obviamente é necessário que os responsáveis sejam punidos. Já que não se pode remediar o mal feito, pelo menos que se pague pelos erros e sirva de exemplo para evitar futuras situações.

Aguardemos pelo desfecho do caso, que por certo não será definitivo, porque se avizinham recursos a outras instâncias seja qual seja a decisão.

Para Carlos Cruz, Jorge Ritto, Manuel Abrantes, Ferreira Diniz, Hugo Marçal e Gertrudes Nunes está a chegar o dia em que o seu futuro será definido...

A todos nós, resta-nos esperar que se faça justiça.

São Mais Dualidades!!!
NP