Há determinados pormenores, por mais pequenos e aparentemente insignificantes que possam parecer, que mostram o quão evoluído é um país.Esta semana descobri um desses pormenores no nosso país. Fiquei convencido que o nosso querido Portugal está na vanguarda de muitas coisas.
Certamente que durante esta semana toda a gente ouviu a notícia sobre a agência de viagens espanhola Marsans que opera(va) em Portugal, que aparentemente terá falido, fechou portas e deixou muitos clientes com férias pagas e a chuchar no dedo. Malta séria.
Esta história já se prolonga desde o fim-de-semana passado e até hoje já teve vários episódios.
Foi num desses episódios que eu descobri o tal pormenor que indica que somos um país muito à frente. Descobri que em Portugal temos um Provedor do Turismo (ou do Turista). Confesso que fiquei espantado, não fazia ideia que tivéssemos uma coisa dessas.
O meu espanto diminuiu um pouco quando vi que o nosso Provedor do Turismo era Vera Jardim, que por acaso já foi Ministro num antigo Governo Socialista.
Mas atenção, que ninguém ponha palavras na minha boca. Não estou sequer a insinuar que é tacho. De certeza que é por mérito da pessoa.
Eu sabia, por exemplo, que a RTP tinha um Provedor do telespectador, que a Rádio Pública tinha um Provedor do ouvinte, embora nunca tenha percebido lá muito bem para que servem, mas um Provedor do Turismo é novidade para mim.
Se eu já tenho alguma dificuldade em perceber para que serve um Provedor do telespectador ou do ouvinte, mas ainda tenho para um Provedor do Turismo.
No caso da Televisão, como funciona? Um telespectador escreve uma carta para lá, diz que ficou muito indignado porque na novela das 9 houve uma cena em que uma gaja mostrou uma mamoca e ele ficou tão perturnado que já nem conseguiu ver as outras 3 novelas que vinham a seguir?!
E depois, o Provedor do telespectador responde-lhe e diz-lhe que ele tem toda a razão, que aquilo é uma pouca-vergonha e ele próprio teve de desligar a televisão.
Se calhar o papel do Provedor é um papel de psicólogo, para ouvir os desabafos dos cidadãos na sua área de competência.
No caso do Turismo, a primeira pergunta que me surge é: se nós em Portugal já temos um Ministério que exerce funções na área do Turismo, temos a Associação de Turismo de Portugal e provavelmente mais alguns Institutos, Associações e afins na área do Turismo que eu desconheço, para que queremos um Provedor do Turismo?
Outra pergunta que me surge é, o que faz um Provedor de Turismo no seu dia-a-dia?!
Desta vez, graças a este caso da agência Marsans, o nosso Provedor veio a público fazer uma intervenção pública sobre o caso. Mas o que faz ele nos restantes 364 dias do ano?
E se não tivesse ocorrido este caso, até porque, felizmente, não têm sido assim tão comuns, o que faria ele nos 365 dias no ano?!
Pegando nas palavras do próprio Vera Jardim, na intervenção que fez sobre este caso, ele dizia algo como "...pelas minhas funções não posso fazer muito mais que não seja denunciar o caso...".
Porra! Mas para isso temos as Televisões e os Jornais, que já o tinham denunciado bem antes.
Afinal, parece que o papel de um Provedor deve resumir-se ao apoio psicológico e umas palmadinhas nas costas aos turistas. Recebe cartas de turistas que não gostaram do Hotel ou acharam que a piscina estava muito suja.
Depois de saber disto, até me arriscava a propor ao nosso Governo a criação de um cargo de Provedor do Blog. Afinal de contas, já somos bastantes e há algumas situações por aí, bem flagrantes, de coisas que não funcionam como devia ser no mundo da blogosfera.
Obviamente que ia oferecer-me a mim próprio para ocupar esse cargo. Com uma remuneração à altura das responsabilidades, claro. Que exigem grande rigor e disciplina. Tenho muita coisa para denunciar.
Não acredito é que esta minha ideia tenha grande retorno. Ainda não tenho o cartão nem sou militante de nenhum Partido, por isso não me devem ligar nenhuma. Perdem os blogs!
JP
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