Portugal. Vende-se

Portugal vive uma situação caricata e que dá que pensar.
Por um lado, no sector público, vão sendo raras as semanas em que o nosso Governo não "vai ao mercado" para se financiar, emitindo dívida soberana a taxas absurdamente altas. O país cada vez se endivida mais e mais e ainda não ouvi nenhum responsável dizer como pensa pagar essas dívidas no futuro.
Provavelmente não pensa, porque daqui a 5 ou 10 anos, quando esses juros começarem a cair sobre nós em força aqueles que hoje endividam o país, nessa altura estarão a viver uma reforma dourada.
Em paralelo a este "investimento", como o Governo insiste ridiculamente em chamar-lhe, anda por esse mundo fora a tentar vender mais um bocadinho de dívida. Ele foi a China, Timor, Qatar, Líbia, Venezuela... sabe-se lá a que mais países sérios tentaram vender um bocadinho de Portugal.

Por outro lado, temos o sector privado. E aqui, vai-se dando preferência aos investidores angolanos.
Nos últimos anos, poderosas e milionárias empresas angolanas, nas quais vá-se lá saber porque, a filha do Presidente José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, tem sempre uma forte presença, têm vindo a comprar acções das maiores e estratégicas empresas cotadas em bolsa. Nem imagino onde terá arranjado tanto dinheiro.
Embora esteja longe de se ficar por aqui, mas um óptimo exemplo disso é a área da banca.
Se a filha do Presidente já tinha vindo de há uns tempos para cá a reforçar consideravelmente o seu peso dentro do BPI, uma notícia desta semana dava conta que a Sonangol, a petrolífera angolana, se prepara para comprar mais 5% do BCP, passando assim a deter 20% do maior banco privado português.
Escusado será dizer que a tal filha do Presidente tem participação na Sonangol.

Tudo isto não deixa de ser algo irónico. Depois dos portugueses terem colonizado os países africanos de língua portuguesa, assiste-se agora, no século XXI, um pouco ao inverso.
Chamar-lhe-ia a colonização económica de Portugal. Os países africanos falantes do português, onde se destaca claramente Angola, ou se preferirem a família dos Santos, vai comprando e posicionando-se nos principais sectores económicos portugueses.
As voltas que a vida dá...

JP