Uma aventura na neve...

O fim-de-semana anterior foi passado na Serra da Estrela!

O sábado decorreu dentro da normalidade, com a obrigatória subida à Torre e as lamúrias pela ausência de neve.

No domingo, e apesar do céu muito cinzento que cobria a cidade da Covilhã, voltamos a subir, desta feita com o objectivo de fazer uma incursão pela estância de ski.

A chuva ameaçava cair, mas percorremos as muitas curvas tranquilamente, passamos as Varandas de Carquejais e alguns metros mais acima fomos surpreendidos pelos primeiros flocos de neve para euforia geral, principalmente das crianças.

Continuamos a subir, e a neve a cair, passamos as Penhas da Saúde, até que, tivemos a percepção que uma camada de gelo cobria a estrada e deixou de ser possível controlar a viatura. Os relógios ainda não tinham chegado às onze da manhã.

Começamos a ficar preocupados, apesar de mantermos a calma para não alarmar os miúdos.

Tal como nós, eram muitos os carros e autocarros que também foram forçados a interromper a subida, enquanto que se intensificava o tráfego no sentido descendente. Enquanto isso, a serra começava a ficar coberta de um deslumbrante manto branco.

Fizemos inversão de marcha com prudência, numa área de túnel onde o gelo não tinha chegado e à passagem do Limpa-neves encetamos a viagem de regresso, pensando que a situação estava resolvida. Puro engano!

Fomos descendo, a fila de carros era extensa. Fazia-se o trajecto lentamente e com prudência, procurando controlar a viatura, até que nova subida se nos depara e as rodas voltam a contrariar a nossa vontade, impedindo-nos de continuar.

A neve caía com intensidade, o vento soprava com força agitando a viatura, O céu apresentava umas espessas e negras nuvens. Percebemos de imediato que permaneceríamos por ali um bom bocado. À frente e atrás filas de carros e autocarros viviam a mesma experiência que nós, enquanto a neve caia com força sobre as viaturas e fazia altura no chão.

Vivia-se um misto de fascínio pelas condições atmosféricas invulgares, dignas de filme, pela beleza da paisagem e receio pela força da natureza e pelo desfecho que tudo aquilo conheceria.

Enquanto isso a ingenuidade das crianças mantinha-as no seu mundo de brincadeira e fantasia sem noção de que todos corríamos perigo.

A solidariedade entre carros manifestou-se prontamente e fomo-nos ajudando mutuamente a subir a encosta, à base de algum trabalho de braços, enquanto o Limpa-neves não voltava a passar o que aconteceu quase três horas depois.

Retomamos a marcha e finalmente atingimos uma zona mais plana a que se seguiu a descida com muita prudência. À medida que tal se verificava, o sol marcou presença, dominando a paisagem totalmente branca, num bonito contraste de cores que quase nos fez esquecer os largos minutos de apreensão.

Eram três e meia da tarde. A serra parecia agora calma, tapada pelo seu manto branco. Para trás ficou uma aventura na neve com uma palavra de grande apreço para o Compadre que ao volante contribuiu para que tudo tivesse corrido bem e sem danos para ninguém. Como diziam as crianças na brincadeira “és o nosso herói”.

São Mais Dualidades!!!
NP