Pois é, depois de tanto falatório e insistência, a coisa deu-se mesmo.
A famigerada "pergunta 32" dos censos desde cedo que deu muito que falar por, diziam, tentar ocultar ou disfarçar a realidade dos muitos portugueses que trabalham a recibos verdes.
No enunciado dessa pergunta era dito que "Se trabalha a 'recibos verdes' mas tem um local de trabalho fixo dentro de uma empresa, subordinação hierárquica efectiva e um horário de trabalho definido deve assinalar a opção 'Trabalhador por conta de outrem'".
Se houve alguma premeditação ou intencionalidade por trás na tentativa de disfarçar essa cruel realidade não sei, mas que a pergunta está feita de uma forma muito estranha, lá isso está.
Pergunto-me o que terão a ver recibos verdes com trabalhar num local fixo e bla bla bla. São duas coisas que nada têm a ver, que são compatíveis e não cabem ambas ma mesma pergunta. Como duas coisas distintas que são, deviam ser cobertas por perguntas igualmente distintas.
Qualquer um pode corresponder às várias características enumeradas na pergunta e ser por exemplo "Trabalhador familiar não remunerado". E se assim é, então porque essa opção de resposta não é também encaminhada para "Trabalhador por conta de outrem".
Então eu posso ter um local de trabalho fixo, dentro da empresa do meu pai, subordinação hierárquica efectiva porque ele manda em mim e um horário de trabalho que ele me definiu só que não me paga ordenado? Apenas me deixa comer e dormir lá em casa.
E então, apesar de ser um trabalhador familiar não remunerado não sou também um trabalhador por conta de outrem?
Se acham que esta situação é disparatada, então eu acho que juntar recibos verdes e trabalhador por conta de outrem no mesmo saco também o é.
Mas, ao que parece, as lutas que por aí andavam contra algumas perguntas dos censos não se ficavam por aqui.
Sobre a tal "pergunta 32" ainda não há novidades, mas elas apareceram sobre outras perguntas.
Ao que parece, o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai ser obrigado a eliminar duas perguntas da base de dados criada para os Censos 2011.
Segundo a edição electrónica de um jornal nacional, em causa está a pergunta "do Questionário de Família sobre se determinada pessoa tem uma relação em união de facto com um parceiro do mesmo sexo ou de sexo diferente, e se reside com esse mesmo parceiro" e mais outra, "no espaço C do mesmo questionário, em que se exige a cada cidadão que indique o nome e o sexo das pessoas que, não sendo residentes no seu alojamento, aí estavam presentes no dia 21 de Março".
"Por considerar que se trata de informação 'sensível', da esfera da 'vida privada', a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) proibiu o INE de registar, nas bases de dados criadas de propósito para esta operação estatística, todas as informações que já tiverem sido recolhidas até ao momento, através dos formulários em papel ou via internet.
"Esta decisão só agora foi tomada – 'em momento bastante tardio e numa altura em que já estava em marcha a recolha dos dados', frisa a CNPD - porque só no passado dia 10 é que o INE pediu autorização aos juristas desta Comissão para tratar a informação deste recenseamento".
Para o INE, "'tendo em conta que os questionários do inquérito-piloto e os da operação real eram idênticos, entendemos que a notificação do primeiro seria suficiente' - justificou fonte oficial do Instituto Nacional de Estatística".
"O INE tem agora 15 dias para informar aquela Comissão sobre as medidas que vai tomar para proteger devidamente os dados pessoais a inserir ou já inseridos na base de dados".
Isto numa altura em que, ainda segundo o mesmo jornal, até a meio da passada semana estavam contabilizados mais de dois milhões e meio de pessoas que tinham respondido aos Censos pela via electrónica. Valor que equivale a cerca de meio milhão de alojamentos recenseados.
E assim estamos. Duas perguntas já foram. Quando à tal 32 é bem provável que siga pelo mesmo caminho. Não querendo ser má-língua, creio que antes de se porem a mandar convites às pessoas para preencherem a papelada, podiam ter perdido mais algum a validar estas pequenas coisas.
JP
4 comentários:
É só barraca!
E mais outra
http://www.destak.pt/artigo/92035-censos-2011-reclusos-considerados-trabalhadores
Xiiiiiiiiiiiii
Não sabia destas coisas.
Realmente!!
É só barracas!!
É uma atras de outra!
Pa fazerem estas figurinhas, k paguem 1/3 do salário à malta e vamos nós pa lá que temos mais bom senso!!!
Jinhos,
MS
Tava a ver o link que o anónimo deixou: RECLUSOS CONSIDERADOS TRABALHADORES???????????????????
É o fim do mundo!!!
Valha-nos Deus!!!!
Bruxelas tem k meter aqui 1 governo administrativo para por ordem neste CIRCO!!!!!
Jinhos
MS
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