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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Colecção António Cachola no Museu Berardo

Um destes dias estive no Centro Cultural de Lisboa, mais concretamente no Museu Berardo onde a Colecção António Cachola esteve exposta durante quatro meses no âmbito de um intercâmbio levado a cabo entre as duas estruturas.

À primeira vista, quando o Museu foi inaugurado, prevalecia a ideia de que não traria grande benefício à cidade, mas não foi preciso muito tempo para se perceber o contrário.

Inaugurado em Julho de 2007 conseguiu, em pouco mais de três anos, incluir Elvas no pobre roteiro cultural da arte contemporânea portuguesa. Se até aqui apenas contavam o Museu Berardo em Lisboa e o Museu de Arte Contemporânea da Casa de Serralves no Porto, a partir de então, a província e o Alentejo passaram a ter o seu próprio espaço, paredes meias com a vizinha Espanha e com o MEIAC (Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporâneo) sedeado em Badajoz.

Dirigido até há bem pouco tempo pelo historiador, crítico de arte e comissário, João Pinharanda e contando com o vasto espólio da colecção privada do elvense António Cachola, o MACE local tem apresentado grande dinâmica com colecções semestrais que a pouco e pouco tem dado a conhecer aos elvenses, e a quem nos visita, uma forma de arte que, primeiro se estranha e depois se entranha.

Tem atraído a Elvas Ministros e outros políticos, artistas plásticos, numa interacção muito positiva que nos tem colocado no mapa.

O acervo, vasto e diversificado mas apenas reunindo artistas portugueses, contem obras de José Pedro Croft, Rui Sanches, Pedro Calapez, José Loureiro, Pedro Casqueiro, Ângela Ferreira, Noé Sendas, Joana Vasconcelos, João Pedro Vale, Fernanda Fragateiro, entre outros.

E se em Elvas se destacaram peças de Joana Vasconcelos tais como A Noiva, o famoso lustre formado por tampões, o Wash & Go, feito a partir de collants coloridos, ou a Cama Valium em Lisboa, a Colecção Cachola destacou-se através da escultura de João Pedro Vale, "A culpa não é minha", "uma árvore nodosa e atada, imponente e encalhada, seca e viva" que deu nome à exposição. Presentes estiveram também, a título de exemplo, o vídeo de João Tabarra sob o título "Encantador de Serpentes" onde é realçada a dificuldade de um homem anónimo num estaleiro de obras de um subúrbio em controlar uma grande mangueira de água a jorrar um violento fluxo de água, bem como a sequência de fotos de Augusto Alves da Silvam, captadas perto da base Lages no dia 16 de Março de 2003 quando os líderes de Portugal, Reino Unido, Espanha e Estados Unidos se encontraram para decidirem a invasão ao Iraque. 11 fotografias, 11 momentos do dia que nos mostram o mesmo local apenas directamente influenciado pela luminosidade decorrente do avançar do dia e da característica e instável meteorologia açoriana. E se a paisagem parece serena e imutável, tal encontro alterou por completo a realidade global com consequências que se mantêm presentes até ao dia de hoje.

A presença no Museu Berardo deu visibilidade à colecção e ao seu rico espólio, mas também a Elvas e ao MACE.
Faço votos de que esta dinâmica se mantenha e, apesar de não ser directamente percebida a mais-valia que o museu constitui, não nos podemos esquecer que é um pólo importante de atracção de turismo de qualidade, numa cidade cuja principal saída económico-financeira é saber criar condições para chamar a si portugueses e principalmente extremeños.

São Mais Dualidades!!!
NP

1 comentário:

Elvascidade disse...

Sem dúvida de parabéns.